Maior intervenção da história do BC devolve dólar a R$ 6,122, com forte queda.
Uma injeção de US$ 8 bilhões do Banco Central (BC) no mercado fez a cotação cair 2,32%, para R$ 6,122, nesta quinta-feira.

Após intervenção do BC, dólar tem maior queda diária em mais de dois anos
Leilão de US$ 5 bilhões foi a maior venda de dólares feita desde 1999, quando o câmbio flutuante foi adotado no país. Falas de Galípolo e Campos Neto também contribuíram para valorização do real.
Nesta quinta-feira (19), o dólar abriu em queda e, logo depois, o Banco Central (BC) fez um leilão de até US$ 3 bilhões. Posteriormente, voltou a realizar um novo certame extraordinário, no valor de US$ 5 bilhões. Com essas duas grandes intervenções no mercado, que têm como objetivo diminuir o vai e vem da moeda, o dólar exibiu, ao final dos negócios, queda de 2,32%, a R$ 6,12. É a maior baixa diária desde 31 de outubro de 2022, quando o dólar caiu 2,55%.
Lá fora o dólar subia 0,33% contra moedas de outros países desenvolvidos, enquanto avançava 0,26% contra o peso mexicano e 0,27% contra o rand sul-africano.
O leilão de US$ 5 bilhões é a maior venda de dólares da série histórica do BC, iniciada em 1999, quando o câmbio flutuante foi adotado no país. A intervenção superou a de US$ 3 bilhões, realizada em março de 2020, na pandemia, e na sessão de hoje, mais cedo. Foi a sexta intervenção no mercado de câmbio feito nos últimos dias.
Em coletiva ao lado de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC que assume a presidência da autoridade monetária no ano que vem, o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto disse que o leilão realizado nesta manhã teve mais demanda do que o esperado e, por isso, foi preciso fazer uma segunda intervenção. “O BC tem muita reserva e vai atuar se for necessário”, afirmou.
Já Galípolo afirmou que “a ideia de ataque especulativo” não “representa bem” os movimentos recentes do mercado. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros da área econômica concordam com essa avaliação.
Por fim, o fato de o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ter liberado o voto dos dos congressistas por celular sinaliza que está empenhado em fazer com que o pacote fiscal seja aprovado ainda nesta semana, diz Alexandre Viotto, diretor de mesa de câmbio da EQI Investimentos.
André Valério, economista sênior do banco Inter. aponta que as intervenções do BC se justificam pelo excesso de vai e vem da moeda e pelo forte fluxo de saída de dólares. “Nos dez primeiros dias de dezembro, o fluxo de saída foi de US$ 6,79 bilhões, bem acima da média histórica para esse período. Portanto o leilão é uma solução para impedir uma desvalorização desordenada do real“.
Entretanto, a incerteza fiscal continua imperando, e a demora na aprovação do pacote de gastos, além da eventual desidratação do projeto, não contribui para a valorização do real, na visão de Valério, do Inter, e Viotto, da EQI.
“A pressão da moeda deve continuar, mas o BC mostrou hoje que tem muita reserva e não deixou dúvida de que, se precisar, vai até ampliar essa intervenção diária. Acho que o que fez cair mesmo foi o Banco Central mostrar suas armas para dar uma segurada no ímpeto dos investidores”
Lá fora, foi divulgado hoje que o Produto Interno Bruto (PIB) anualizado dos Estados Unidos cresceu 3,1% no 3º trimestre de 2024, acima do avanço de 2,9% esperado pelos analistas, o que dá força para o dólar. Nesta última leitura do dado, o número mostra que a economia americana acelerou em relação ao avanço de 3% no 2º trimestre. Na segunda leitura do dado, o crescimento apontado era de 2,8%.
Ontem (18), o dólar atingiu uma nova máxima histórica nominal, o valor de R$ 6,27, pressionado por questões fiscais e após o banco central americano ter baixado os juros em 0,25 ponto percentual, mas prever menos cortes nas taxas no ano que vem.
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